“poeta, andarilha, escritora, costureira de livros e artista-etc. nascida e renascida no Recôncavo da Bahia, vive então repovoando uma casamendoeira. formou-se em artes visuais (UFRB), especializou-se em estudos literários (UEFS) e é mestra em artes visuais (UFPE). é constantemente provocada pelas experiências em literatura, performance, videoarte e livro de artista e se interessa pelo que envolve memórias e narrativas de mulheres. desde 2015 costura seus próprios livros ~ o primeiro, “cartas a Tereza”, seguido por “desavesso” (2016); seu terceiro é “refugos”, que sai pela editora Segundo Selo, em 2019. este é também o ano em que Deisiane estreia coragens para sonhar e realizar livros de uma editora caminhante ~ a andarilha edições.”
1) Qual o objeto e por que você escolheu o objeto?
o objeto escolhido é uma pequena luminária de mesa; comprei uma luminária no ano de 2015 para uma instalação artística numa exposição que integrei, no MAC, em Feira de Santana. o objetivo era ambientar um espaço da galeria para que as pessoas sentassem ali e escrevessem cartas a Tereza. após esse evento, apropriei-me do objeto e ele tem substituído qualquer iluminação noturna, em qualquer cômodo da casa, principalmente do quarto. não utilizo as luzes padrões que iluminam todo o cômodo com a brancura fluorescente, mas opto por acender essa pequena chama amarelada a cada ponto da casa onde pouso. para mim convida a certa intimidade, acolhimento, deixa a noite mais morna. criei um afeto imenso pelo objeto, pois ele tem me acompanhado em todas as casas por onde transitei nos últimos tempos. testemunha meus silêncios, devaneios, literalmente, assiste aos meus sonhos despertos.
2) O que a motiva a fazer poesia hoje? Ou quem a motiva?
a própria vida me atira/atiça à poesia – seu mistério, encanto, beleza, dor. fazer poesia é meu modo de estar viva, sentir meus devires, entender minhas micro possibilidades de intervir no mundo, como isso reverbera desde mim a uma corrente de outras e outras pessoas que também partilham da linguagem, infinitas expressões dela. compreendo poesia para além da palavra escrita, para além da própria palavra – eu diria. e de tudo isso o que me toca, em que eu toco, a poesia é o modo mais apto que encontro para permitir-me atravessar, fruir, encantar-me.
3) Qual o futuro que você imagina para a poesia?
o futuro da poesia é ser insaciável e sempre movimento. sempre fluida, múltipla, reinventando-se. antiga que é, já tem vida longa garantida, não morrerá tão fácil. dura na queda.
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