Neste episódio, temos dois poetas convidados, Marcus Vinícius Rodrigues e Tiago Oliveira. O que significa que temos um desafio em dobro no bloco “De quem é essa voz?” A quem será que pertence o eu-lírico do poema dos dois? Façam suas apostas nos comentários. Da nossa “Caixa de Ferramentas”, Felipe Neiva dos Santos escolheu apresentar o cismar, a arte de afinar e calibrar o olhar antes de escrever propriamente um poema. E o tema do episódio promete, viu: a poesia como ação – aqui, alguns já podem enxergar alguma controvérsia – de fazer algo, e até de fazer nada. Num momento em que a produtividade se impõe dentro e fora dos home offices da vida, oferecemos a você uma pausa para conversar com a gente sobre o vazio.

O projeto é contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.

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Confira os poemas:

Marcus Vinícius Rodrigues

Nada que eu tenho exige segredos,
porta entreaberta, ventre sem ouro.

O passado se guarda em aberto,
o colo ainda aguarda seu choro.

Chaves? Não traga. Abre-me
e seja meu valioso tesouro.

Tiago D. Oliveira

o mundo além da gaveta: sol primeiro ao atravessar os ventos
e iluminar o que ontem foi pensamento, riqueza imaterial, chão
de alguém a tentar se encontrar nas palavras marcadas em mim.
sou elo entre o silêncio e a inocência de não saber até carpir. foi.
realizo a fé no reciclar, ensino lição frágil de resistir e seguir
reinventando a sorte de sermos exatamente o que somos, papel.