“música, passarinho, montanhas, abraços, um mundo inteiro ainda, sou filho de um tempo que não volta mais, acho que é por isso que comecei a escrever. escrevo, leio, toco violão e leciono, gosto de ter pessoas por perto, por isso também me tornei professor, é uma sorte aprender com os mais jovens. os livros que vivi ainda são cheios de encantos para mim, acredito muito na persistência. os que escrevi já não me pertencem há tempos. finalista do prêmio Oceanos, contemplado no selo João Ubaldo Ribeiro, mas nada é melhor do que a sensação de voltar a escrever, na solidão da tela de um computador, um livro novo. quando coloquei os meus pés em Lisboa pela primeira vez, a sensação que tive foi a de ter voltado para casa. viajar deveria ser também uma profissão. estudar e pesquisar fazem parte do caminho de todo vivente, por isso a trajetória acadêmica na UNL, na UFBA e em outras casas que virão. a poesia ainda é o grande segredo da vida.”
1) Qual o objeto e por que você escolheu o objeto?
O objeto é um pequeno caderno; O caderno é um companheiro nas horas mais necessárias, suporta todas as nossas ideias e cabe no bolso facilmente. Nele podem ser encontrados toda natureza de pensamento cavalgando a liberdade, desde os mais inférteis até aqueles que marcam alguns minutos de leitura para sempre na vida de qualquer um. O caderno é a metáfora mais prática do caminho, pronto para ser aberto com suas páginas a serem preenchidas e passível também a todo tipo de correção, interferências. A partir do convívio com ele é que entendi melhor o labor de escrever e passei a lapidar palavras na busca por entendimentos e crescimentos que são realizados somente a partir do desbravar da escrita.
2) O que o motiva a fazer poesia hoje? Ou quem o motiva?
A minha motivação para a escrita da poesia é a própria vida e os caminhos dos meus dias. Escrevo para me entender neste mundo e tentar ser alguém melhor em uma prática que se afina com a experiência. Neste passo a escrita se funde aos pés descalços que seguem sempre olhando para todos os lados sem perder o que passou e o que poderá ainda chegar. Desta forma os poemas se assemelham ao processo contínuo de crescimento que todos nós carregamos de forma natural e não muitas vezes percebemos, pois estamos envoltos nas horas pesadas e imediatas a tentar subtrair de nós alguma leveza ou a sensação de que os melhores sentidos para tudo ainda existem e o seu lugar mora justamente nesta culminância, a palavra. Ela é a minha maior motivação.
3) Qual o futuro que você imagina para a poesia?
O futuro da poesia é agora. Ela estará sempre como representação de um lugar, de um povo, de um tempo. Se a geografia existir, a cultura, lá estará também a literatura, a poesia lapidando as marcas, dando lugar para a fala, acessando o mundo. O futuro é e sempre será o agora, sob constantes investidas e a óptica de seu próprio tempo.
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