“Move-se no campo das artes como criadora, produtora e professora, de modo transdisciplinar, com ênfase na performance, no teatro e na poesia. É doutoranda e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA. Interessa-se pelas intersecções e correlações entre corpo, cidade, arte, mulher, natureza, política e magia. Coordena o território de articulações artísticas intitulado Gameleira Artes Integradas. Tem cinco livros lançados: “”Maré Cavala” (2020), parceria com Lucas Moreira, “10 Pontes” (2011), “O que é uma casa?” (2012) e “12Lâminas” (2013), os três em parceria com Vânia Medeiros, e “Sete saltos para se afogar” (2017)”.
1) Qual o objeto e por que você escolheu o objeto?
Eu escolhi uma almofada, por ser um objeto que me dá conforto e aconchego. Eu gosto de ter várias almofadas no sofá e na cama, gosto de ter algumas grandonas espalhadas pelo chão da sala. Sinto que elas me ajudam a me acomodar bem, a me sentir abrigada, a me deixar mais à vontade junto às companhias e a curtir mais carinhosamente a solidão. Quando eu viajo, sempre levo uma almofadinha comigo.
2) O que a motiva a fazer poesia hoje? Ou quem a motiva?
Pra mim, a poesia integra minha experiência de viver. Há algo do que sou que só posso expressar através da poesia. Há o desejo de ser e de expressar que seguem sempre muito vivos em meus dias. Acredito que a poesia abre espaços de intimidade e afeto mesmo em contextos hostis e que realça a potência de inventar mundos, de refazer acordos que nos alimentem o viço de viver. Tudo isso me interessa muito, tudo isso é motor fundamental do que sou. A poesia diz e suporta o silêncio, a poesia revela e suporta o mistério, a poesia amadurece e favorece a brincadeira: eu quero sempre ter parte com a poesia.
3) Qual o futuro que você imagina para poesia?
Imagino um futuro em que a poesia – como já é hoje pras gentes que resistem e insistem numa vida honesta – seja fundamento de toda comunicação entre seres que se reconhecem: pessoas e bichos e pedras e águas e plantas e terra e fogo e ventos e entidades que sopram mistérios em nossos ouvidos. Imagino um futuro em que a poesia seja rito cotidiano e celebre a memória de tanta gente que cantou, dançou, celebrou a vida pra que chegássemos aqui com essa verve da alegria brilhando ainda como um farol, mesmo quando as violências lançam um véu sufocante sobre nosso coração.
Comentários