Com o episódio que lançamos hoje, “Pré-história do tchau”, encerramos a nossa primeira temporada. Nós adoramos produzir os episódios e receber tanta gente massa e esperamos que você também esteja curtindo. Mas calma lá. Não acabou não, viu? Teremos o lançamento do livro com os poemas criados especialmente para o Volteio ainda esse mês. Em breve, divulgaremos mais detalhes em nossas redes sociais. Siga @volteiopodcast no Instagram e no Twitter. 

O Volteio é contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.

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PRÉ-HISTÓRIA DO TCHAU

7
cifrados os mortos
(e voltamos-trabalhos)
prontos ao leite vegetal cujas mãozinhas
descascaram cada castanha cascacasca e se
fuderam
pro vento caixinha

1
embalo lácteo, trambolhos, trabalhos, rosado centenário –
desidratam os corvos
engraçados

3
queremos este entendendo NADA
indignação antes da sesta azuluzada
queremos teu ouvido absoluto
teu narizinho semideus
teus dentes em minimeteoritos
queremos teu hierárquico jogo dos sete erros

tudo no lixo
que vamos recolher aos estalos enquanto dormem
eu tíbia

1
por raspão
sem barata de gosma
a nossa fezinha
sabor loteria

céu moedor de ossos
todo rezadinho enquanto
a lua alua me dá orgulho de nunca ter morrido
independente do que me piscadela

2
mas eu digo:
o objeto ser casado com a abjeta
um silêncio artesanal qual pipoca artesanal
gritantes definhando nas paredes

mas eu digo:
a traduzir do jeito que se dá
um tanto-faz-tanto-fez
de feiticeiras e magos desempregados

2
precisarei saber
o que eu dizia com todas as letras
agora
quando eu sabia a idiomática criação

preciso transferir meu auxílio inteiro
essa semana.. farei um lembrete
na minha língua materna

3
CEOs acarinhados pelas crianças mortas demortos
rinocerontes nos arrepios
falar seja nossa telepatia

1
é uma investigação séria –
como se esta língua viesse de outro planeta
só pra nos dizer
que é só esta língua que resta
no universo inteiro

preciso me levar ante quase-tudo
o que não está nesta língua
nem naquela língua estrangeira
nem mesmo naquela outra piadista, a universal

4
sonhei, sonhei com a improdução completa
uma inobra total
enquanto meu vampiro de sunga deitado na lua cheia
conhece a linha que separa o barroco
do rococó

1,99
precisamos passar o trote:
“alô, emergência?
talvez o urubu seja o pato
com mais sombras
dentro”

2
o coração laaadeado de árvores-maratonas
o carro-forte: no que sentir:
ou o solstício ser perdido no atlas

teus olhos de caramelos tortos
dentro aff
reles belos reles belos
os remos voltam-mas não remoem

1
cifrados os mortos e
terem inventado – meio miopia meio à la minuta –
o livro da carnificininha
pra colorir

3
igual à iguala:
a pergunta ou
resposta-labirinto que há
do laranja-em-caqui em
laranjas e caquis

os amarelos lagares do caqui, e o
que é sub-manhãzinha
em
amarelo-melão deste laranja moinho(ou-trovão) de laranjas

4
a comparação era tão, mágica
quanto um olho-mágico, mágico
na porta da tal-frente

o caqui compondo cores não caquis
o nome do sonho-se-tinta antes de dormir
(caqui-japonês, caqui-chocolate)

na redondeza as ruas das romãs

uma é só em frente, A’-B’, outra de segurança-armado, na frente-de-quem, a proteger o jardinzinho adentro, ao lado o asilo com cerca-elétrica na testa, há o centro de atendimento psicossocial, na frente o outro lado, ou crossfit

3
o caqui a compor laranjas
o raciocínio-carpaccio de caqui, caipirinha de caqui
redondezas e fugas azuis

uma de amoras-zumbis, qual um equipamento eletrônico danificado, folhas enferrujadas, fica-se amamentando os desejos assim mesmo, qual o cosmo não coça as próprias costas
mas ajuda a alcançar as pitangas, duas metáforas e jabuticabeira rompe basalto

7
torço pro Zé das Couves
sustento o Jegue com pão de Ló
a Gravidade, muito séria, vibrando o filho gaiola
em primeiro lugar: o que não quer dizer que optamos

ou os trocadilhos tênis presos nos fios de luz
falei
como salvação